27.09.2017

Sinagoga Kahal Zur Israel

Logo nos primeiros dias de aula de História do oitavo ano, os estudantes visitam a Sinagoga localizada na Rua do Bom Jesus para ver e sentir um pouco do que significa para os judeus um espaço como este; lá, percebemos, também, que há significados bem especiais pro Recife.

Quando a Holanda invadiu o Brasil, trouxe consigo uma variedade de culturas e a possibilidade de uma liberdade religiosa, não só aos cristãos e protestantes (Holanda Calvinista), mas principalmente aos judeus perseguidos pelo cristianismo católico português e espanhol. Fazendo com que estes, que fugiam de Portugal para a Holanda, viessem para o Brasil, criando sinagogas e melhorando a vida dos habitantes daqui, originando o Brasil Holandês.

Sobre nossa experiência...

Ao chegarmos à Sinagoga, reparamos que algumas das suas paredes eram feitas de pedras e fixadas com óleo de baleia e que outras já eram de tijolo. Ao olharmos para o chão, nos deparamos com vidro, no qual era possível a visualização do piso original da Sinagoga, com os objetos que foram encontrados durante todas as escavações.

Quando começamos a andar, o guia nos mostrou o que significava alguns elementos presentes. Além disso, vimos painéis informativos, não só sobre o lugar, mas também sobre holandeses, invasão holandesa, domínio holandês, migração dos judeus para o Brasil...

O guia também nos mostrou onde eram realizadas as cerimônias da comunidade judaica, como eram seus costumes e o modo de vida no geral.

Uma das histórias curiosas foi o caso da Sra. Branca Dias, que veio para o Brasil durante o período colonial, perseguida pela Inquisição Portuguesa, uma organização comandada pela igreja, que era responsável pela perseguição das pessoas que não seguissem seus costumes, crenças e religião (o catolicismo). Ao achar essas pessoas, a inquisição, como “castigo”, enforcava, degolava, ou os queimava na fogueira.

Branca Dias foi uma dessas vítimas, denunciada por alunas, pois se recusava a trabalhar aos sábados, mesmo havendo trabalho. Um fato muito interessante que chamou nossa atenção foi que, em sua mesa de jantar, havia uma gaveta correspondente a cada cadeira, o que levava muitas pessoas a se perguntarem o porquê, e ela dava a desculpa de que era para guardar os talheres e os pratos, mas na verdade era para esconder a carne de porco, pois na religião judaica não é aceito que se coma carne desse animal, mas no catolicismo é aceito. Então, eles precisavam fingir que comiam. Dessa forma, Branca botava a mesa e servia a carne de porco para as pessoas não desconfiarem; quando a visita se descuidava, ela trocava de pratos, usando as gavetas da mesa; as visitas comiam porco, mas a família dela, não.

Um outro ato que fez com que começassem a desconfiar dela foi que os judeus varrem as casas de dentro para fora com a porta aberta para significar que estaria tirando toda as coisas ruins de dentro da casa e também o costume era de varrer toda as sextas-feiras, e foi a partir desses atos que ela foi denunciada pelas suas alunas para o governo português, que demorou um pouco para chegar ao Brasil. Apesar de ela ter argumentado ter costumes católicos, foi presa e morta do mesmo jeito pelas investigações terem ido mais fundo. Ela e o marido receberam a sentença já em Portugal.

Mas, uma curiosidade maior ainda são os motivos pelos quais os holandeses foram mobilizados a virem ao Brasil, objeto que serve de estudo nos primeiros dias de aula do 8º ano. E que por isso é uma das razões que nos instigam a visitar a Sinagoga.

Outro motivo para a visita é o fato de que achados arqueológicos foram importantes para descobrir o lugar exato onde era localizada a sinagoga. Contrariando o que se pensava na época, quando estavam fazendo escavações nessa rua, no ano de 2000, para outros fins, foi descoberto que a Sinagoga ficava do outro lado da rua (onde de fato ela é hoje) devido ao poço (bor). Logo, o fato das escavações terem mostrado achados arqueológicos interessantes durante todo esse período (O Brasil Holandês) acabou sendo um ponto de visitação especial, principalmente, para ajudar na compreensão do assunto.

Outro ponto importante dessa história toda é que, quando o domínio Holandês se deu no Brasil, entre 1630 e 1654, houve assim a necessidade de enviar algum representante da Holanda para governar o Brasil. Então foi a tão aguardada e esperada chegada do conde Maurício de Nassau, que mudou o Recife, pois Portugal não se importava nem com o bem estar da população, muito menos com as condições físicas da cidade.

Aos poucos, Maurício foi “consertando” o Recife e, ao mesmo tempo, estabelecendo alianças políticas com os senhores de engenho. Dentre suas as ações, estão: o empréstimo de capital para a produção e comércio do açúcar; redução nos impostos; construção de pontes, drenagem de pântanos, canais e obras sanitárias; incentivo ao estudo e retratação da natureza brasileira, principalmente, com a vinda de artistas e cientistas holandeses, como Frans Post e Albert Eckhout; criação do Jardim Botânico, assim como o Museu Natural e Zoológico; estabelecimento da liberdade religiosa aos judeus, justificando o crescimento da comunidade judaica em Pernambuco. Liberdade esta que não era dada às religiões dos povos africanos aqui escravizados.

Texto: Cecília Macedo e Rebeca Borges (8º ano), sob a orientação da professora Júlia Vergetti.